Amr al-Madani, chefe do projecto Al-Ula na Arábia Saudita, foi preso por acusações de corrupção em 28 de Janeiro.
O chefe do executivo do enorme projeto de desenvolvimento na província do noroeste do país é acusado de “abuso de autoridade e lavagem de dinheiro”, disse uma fonte da agência saudita anticorrupção (Nazaha) à imprensa local.
As alegações dizem respeito a acontecimentos anteriores à sua nomeação para Al-Ula em 2017. Ele é acusado de ter beneficiado de contratos concedidos pela Cidade Rei Abdullah para Energia Atómica e Renovável, um fundo público de investigação científica, a uma empresa da qual é co-proprietário. Os contratos valiam US$ 55 milhões. A fonte da autoridade anticorrupção afirma que três dos seus sócios também foram detidos, fizeram confissões e aguardam agora julgamento.
A prisão de Amr al-Madani é a última reviravolta na saga em torno do vasto desenvolvimento cultural de Al-Ula, um dos projetos mais ambiciosos lançados pelo príncipe herdeiro Mohamed bin Salman como parte do seu programa “Visão 2030”.
Em 2018, o Príncipe Mohamed e o Presidente francês Emmanuel Macron finalizaram um acordo-quadro de dez anos, proporcionando à França um acordo de parceria exclusivo para este projecto de infra-estruturas multibilionário.
Recentemente, porém, descobriu-se que fontes diplomáticas francesas estão frustradas com o lento progresso do projecto. Amr al-Madani, por sua vez, expressou sentimentos contraditórios sobre a relação com os organismos culturais franceses, enfatizando, numa carta ao The Art Newspaper, os compromissos que assumiu com empresas britânicas e americanas.
Um fundo planeado para o património cultural francês, financiado pela Arábia Saudita, ainda está em discussão. Jean-François Charnier, diretor científico da Agência Francesa para o Desenvolvimento de AlUla, fundada em Paris em julho de 2018 como resultado do acordo intergovernamental assinado pela França e pela Arábia Saudita, renunciou ao cargo depois de se envolver em uma investigação sobre a venda de antiguidades egípcias supostamente saqueadas ao Louvre Abu Dhabi. Charnier, que nega as acusações, foi substituído no ano passado por Sophie Makariou, que abriu o departamento islâmico do Louvre em 2003.
Em julho, Gérard Mestrallet foi substituído como chefe da agência francesa para o desenvolvimento de Al-Ula pelo antigo ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian. Recentemente nomeou um colaborador próximo, Jean-Claude Mallet, como conselheiro especial.
A agência francesa recusou-se a comentar a prisão de Amr al-Madani, mas um porta-voz diz que o projecto foi “acelerado” nos últimos meses. Como exemplos o porta-voz cita renovadas escavações arqueológicas, exposições pelo mundo, programas e intercâmbios de cinema, a nomeação dos arquitectos franceses Lacaton & Vassal para o centro cultural de Villa Hegra e o acordo assinado com o Centro Pompidou para ajudar na criação de um museu contemporâneo no local.